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Marte dia... 12?

[Arquivo 042 – Gravado às 02:17 da rotação 39]

Dia… perdi a conta. Depois do terceiro ataque do Abraçador, deixei de atualizar o calendário.

A criatura veio do teto. Justo quando eu tava falando com a torradeira. Bilbot me amarrou na cadeira do copiloto. Disse que minhas constantes vitais estavam “decadentes”. Aparentemente, falar sozinha, rir alto e tentar nomear os buracos no casco como não transmite segurança.

Ele ameaçou me sedar. Dexter dividiu comigo a última conserva de carne vegetal com gosto de ferrugem. Morgana trouxe o sal que estava no bolso. .
Ela está ansiosa pra voltar a ser jovem. Dexter contou dos 75 anos que vai deixar pra trás.

Dexter chorou ouvindo seu relógio musical de bolso.
Eu tentei dormir. Mas a cabeça ainda gira, e o som do Abraçador deslizando no teto continua ecoando, mesmo que ele tenha sumido.

Eu mostrei a foto do Popper e da Judy. Tava pendurada no meu relicário, onde o peito bate com saudade. Eles sorriram. Disseram que a Judy tem os olhos de Popper e meu jeito sapeca, que?

Eu ri. Depois chorei.

Tive um sonho esquisito.
Eu estava no quintal de casa, de pijama, com as meninas brincando de foguete com uma caixa de papelão. Judy gritou "Decolar!" e tudo explodiu em purpurina. Quando acordei, estava chorando. E segurando a alavanca de ejeção de emergência.
Morgana está aprendendo a bordar e Dexter faz serenatas com o gravador de voz. Se ele cantar Elton John de novo, eu mesma o jogo no compartimento de carga.

Às vezes penso se todo esse esforço faz sentido. Sim. Faz.