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Nós. ☀️
Acordo com a sensação, agora familiar, do toque suave dos dedos dela contra a minha cintura. O toque é gentil — sempre é, mesmo quando urgente: ela marca minha pele com a segurança de quem sabe que não precisa provar nada a ninguém. Parece ainda estar naquele misto de saudade pelas horas em que dormimos e a necessidade da presença consciente.
Permaneço de olhos fechados, o suspiro manhoso do despertar escapando involuntariamente enquanto, talvez por instinto ou conscientemente, movo o corpo na direção do dela.
Meu rosto encaixa perfeitamente contra o pescoço dela, cada curva do meu corpo parece ser preenchida pela presença dela. Inspiro profundamente, deixando que o perfume dela seja grande parte do ar que preenche meus pulmões, e o primeiro pensamento do dia me ocorre: o perfume dela está fresco, a pele naquela temperatura levemente mais fria pós banho, indício de que ela já está acordada há alguns minutos.
Resisto à tentação de me aconchegar o suficiente para pegar no sono novamente, por mais convidativo que o colo dela seja. Forço meus olhos a abrirem, a imagem parcial do rosto dela tomando meu campo de visão.
O sorriso que ela abre ao fixar o olhar no meu é o suficiente pra que o quarto fique no mudo e as cores ao redor de nós desapareçam: daquele instante em diante, só existe ela, aquele quarto, aquele momento.
Ela sussurra algo sobre café, com certeza algo muito importante, mas a forma como me olha indica que sabe muito bem que qualquer coisa que diga será perdida pela intensidade do meu olhar.
E, a julgar pela maneira como sorri e não desvia o olhar, eu sei: aquele era exatamente o efeito que ela buscava causar.
Posted 10/22/2025, 10:00 AM