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[Competição "Yo amo surf"] Buenos Aires

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Eu tirei os baseados do bolso e dividi com o Benjamin, enquanto ouvia minha mãe gritar do outro lado do guarda-sol, pedindo para eu parar porque poderia ser perigoso nessa altura do campeonato. Mas também gritei de volta que ela não tinha pegado uma onda sequer sem estar chapada, o que resultou em um chinelo voando direto nas minhas costas, seguido da risada da Amelie, que ecoou alto o suficiente para ser ouvida em meio à multidão na praia.

Honestamente? Eu não tinha expectativas. A tia Elise, a melhor da família, já havia desistido; o Benjamin estava praticamente dormindo em cima da prancha; e a Amelie estava achando que as pedras eram almofadas. Quanto a mim... Por um instante, eu não pensei em nada. Talvez esse vazio na mente tenha me dado uma vantagem, ou talvez fosse o fato de ser Dia dos Namorados, que deve ter desestabilizado todos os oponentes. Mas eu estava lá, focado em cada onda, rindo e sentindo meu corpo flutuar como num sonho.

E foi ouro. Eu digo que é óbvio que seria, mas não é todo mundo que tem essa sorte de fazer uma grana, voltar pra casa com uma medalha, e ainda rir porque o melhor amigo te deixou na mão em pleno mundial de surf no dia seguinte. Mas o Benjamin é meu parceiro, como o Cadu e o João Frango — vacilão, é verdade, mas meu parceiro, o irmão que eu não tive.

Minha vida tá boa, tô felizão, e não tenho do que reclamar, não. O próximo destino é o deserto, e eu ainda tenho a minha vida inteira pra explorar por aí.

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