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Capitulo I - A noite na mansão

Em algum momento na praia, depois de uns mergulhos no mar de Tromsø, em busca de conquistas, inventamos de entrar naquela casa. Talvez por curiosidade, ou o para furar a rotina entediante da cidade pequena. O sol alaranjava o horizonte, quando Pietro segurou minha mão e invadimos aquela mansão, mas não imaginávamos o que encontraríamos ali.

A casa rangia, mas cheirava a luxo e tinha um clima de suspense no ar. A cada porta um mundo novo se desvelava. E era literalmente como se estivéssemos num conto de suspense, onde o que mais se destacava era nossa cumplicidade e os sorrisos que emergiam.

Ok! Era um lugar abandonado. E um ou outro fantasma nos pregando peças passou a ser aceitável em algum momento. Mas nada nos preparou para o que descobrimos ao abrirmos a porta dupla no fim do corredor principal. Ali demos de cara com um salão que parecia respirar. Os espelhos cobriam todas as paredes. Hora eles nos mostravam o que éramos. E hora mostrava quem poderíamos ser ou quem seríamos (não sei ao certo).

Primeiro me perdi no labirinto em meio as muitas Olivias... E encarar cada uma delas me revirou por completo. Mas em alguma curva encontrei Pietro, ele sorria para um espelho diante dele, como se já soubesse tudo. Me aproximei dele e nos vi juntos no espelho... Foi então que o calor aumentou. O cheiro de flores secas se espalhou de forma sufocante. E os espelhos começaram a rachar.



Corremos, (Na verdade, o Pi me levou com ele) mas meu coração ficou naquela cena. Quis voltar, quis entender. Ver aquele desfecho. E quando ele me pôs em seu colo, eu fitei o espelho mais uma vez e por um instante, vi. Um flash. [nós dois envelhecendo juntos sob um céu cor de âmbar. Um instante de amor eterno]. E então, tudo era cacos e silêncio. Saímos dali às pressas. E com as mãos entrelaçadas, entramos num ônibus que passava na via em frente a casa.