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O Chamado do Mar

Há algo no mar que sempre me atraiu.

Não sei se é o som das ondas quebrando, a vastidão sem fim ou aquela sensação de que, se eu seguir remando, posso chegar a qualquer lugar.

O mar tem um jeito único de me lembrar de quem eu sou e, ao mesmo tempo, de me fazer esquecer de tudo.

Alguns dizem que ele é traiçoeiro, mas eu discordo.

O mar é sincero. Ele nunca promete calmaria, nunca engana com ilusões.

Ele é como é: ora suave, ora feroz, e você precisa aprender a respeitá-lo se quiser conviver com ele.

Surfar sempre foi a forma mais intensa de me conectar com essa força. Quando estou sobre a prancha, não existe ontem nem amanhã — só eu, a onda e a decisão do momento.

É um jogo de equilíbrio, de instinto.

Se você pensa demais, já perdeu. E talvez seja exatamente isso que eu gosto tanto: a necessidade de viver o agora.

Mas não é só na adrenalina que o mar me prende.

Há dias em que tudo que eu quero é sentar na areia, observar a maré e ouvir histórias que o vento traz.

O mar sempre tem algo a dizer, mas é preciso paciência para escutar.

Algumas pessoas passam a vida tentando encontrar um lar.

Eu tive sorte: o meu sempre esteve aqui, em qualquer lugar onde as águas toquem a terra.

Só sinto falta de minha querida prima, que ficaria tão bem com um maio aqui na prancha do lado, seria um prazer resgata-la de um afogamento qualquer dia...