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Aqui na fazenda, em volta do casarão principal, há um enorme canteiro de flores que circunda a casa como uma forma de decoração natural. Tia Alma nunca gostou de receber flores como presente — sempre dizia que só havia uma pessoa de quem ela gostava ser presenteada com esse tipo de mimo. Acha as flores lindas, não há como negar, porém não gosta de cultivá-las, preferindo verduras, vegetais e frutos. "Beleza não põe a mesa."

Ainda assim, para manter o canteiro da casa sempre bem cuidado, contrataram um jardineiro que vinha especialmente para isso. Tempos depois, esse jardineiro precisou mudar de cidade e, mesmo assim, tia Alma foi rápida em contratar um novo. O canteiro não ficou nem uma semana sem cuidados profissionais.

Certa manhã, ao sair para ir à escola, vi o novo jardineiro já trabalhando. Fui até ele me apresentar e desejar um bom dia de trabalho.
Muito simpático, foi receptivo, mas algo em sua expressão denunciava uma certa decepção. Curiosa, perguntei o que havia acontecido, e ele me pediu que olhasse o canteiro.

A princípio, só vi que eram lindas e perfeitas. Como eu claramente não havia notado o que ele viu, ele apenas disse: "Atentamente." Então olhei de novo, mais de perto desta vez: as flores pareciam lindas, mas suas pétalas estavam machucadas, alguns caules quebrados e até mesmo havia ervas daninhas nas raízes. Suspirei, entendendo a tristeza dele. "Algumas coisas a gente só enxerga quando olha com atenção."

Então ele se virou e disse:
— Nunca culpe uma flor por não florescer bem. Culpe o jardineiro e sua negligência em não saber cuidar dela.

Perguntei se ainda havia como salvá-las, e ele sorriu:
— Com tempo e dedicação, nada é impossível... mesmo que elas nunca voltem a ser as mesmas de antes.

Fiquei feliz ao escutar aquilo. Poderei ver futuramente, todas as manhãs, flores extremamente saudáveis e

belas.

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