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#32 diário do anakin — natal de 148;

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Eu adoro a paz do Rancho Bradley. Essa sensação de tranquilidade, de sensibilidade e delicadeza. Passo a refletir sobre a vida, sobre a confusão dos meus sentimentos—quem disse que passar pela puberdade é fácil mentiu grandão, hein?—da autodescoberta, da consciência das minhas falhas e defeitos; e da dificuldade em aceitar os pontos positivos que ainda estão em desenvolvimento.

Esse ano, passaria o natal sozinho. Os meus avós estão em uma viagem juntos pelo leste Europeu; o meu pai e a minha mãe, claro, estão em turnê. E os meus irmãos estão enfiados em alguma confusão como sempre, metidos em suas próprias coisas. Como se não bastasse o Tyler, agora até o Mackenyu está envolvido em sabe se lá o quê.

Graças a um convite inusitado de uma amiga da EBAM que nunca desistiu de mim—mesmo eu sendo o rebelde da turma—fui ao Rio de Janeiro passar o natal com a família dela. Eu tinha me esquecido sobre o que é ter uma família. Sentar em volta da mesa, conversar sobre coisas da infância, rir a toa enquanto espera o presente de natal; degustar de muita comida boa; foi muito legal. Fui tão bem acolhido que jamais poderei retribuir.

Retornei a Londres no dia seguinte, em plena manhã de natal. Desembarquei e sequer desarrumei a mala; parti para Estocolmo para fazer um curso esquisito de códigos computacionais que durou apenas algumas horas—e eu não entendi nada; informática não é pra mim, definitivamente. E, enfim, cá estou em Londres novamente, sozinho neste rancho imenso; eu e os animais, onde encontro a minha paz.

Meu avô—que tem me criado—e eu, temos uma relação complicada. Ele diz que é a fase que estou passando, a "aborrescência"; nunca gosto de nada, nunca estou contente com nada. Tenho dificuldades para me expressar e me fazer entender, além dessa raiva crescente dentro de mim. O que tem me mantido em paz, além dos animais, é a música.

Como diz o tio Det, as vezes precisamos nos perder para se encontrar.