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#3 𝙶𝚁𝙰𝚅𝙴𝚈𝙰𝚁𝙳 𝚁𝙾𝙰𝙳𝚂 | 𝚁𝙰𝚂𝙲𝚄𝙽𝙷𝙾𝚂.

Encontrei meu lugar nessa cidade cinzenta — o skatepark. Próximo a minha casa, fui atraíso pelo pequeno grupo de desajustados que ali se encontrava em uma noite qualquer, bebendo, fumando e arriscando manobras das quais não teriam sucesso. A ideia de cair no chão repetitivamente me atraíu — coisas idiotas sempre chamaram a minha atenção. E, assim, tornei-me o novato. Um passatempo insolente para combinar com o meu espírito indomável.

Certa feita, uma garota loira parecendo uma princesa começou a rondar a pista. Em sequência, apareceu com seu próprio skate e ousou dar risada de um tropeço meu. Iniciamos uma mini-disputa. Trocamos algumas palavras. Ela pingou um remédio que arde feito o inferno nos meus joelhos ralados — e reclamou muito quando, no dia seguinte, encontrei-me com novos machucados.

A amizade se firmou com o tempo, inspirada em nosso contraste. A princesa e o plebeu. Ela tem absolutamente tudo o que eu nunca tive, e vice-versa. Diariamente, ela vem para me contar sobre o seu mundo perfeito, sobre sua família italiana e brasileira, sobre o.. amor. E eu, tão frio e arredio, vejo-me ansioso por sua chegada — por mais que jamais admita. Curioso com essa nova perspectiva de vida.

Depois de alguns brownies, doces e promessas de culinária trocadas, ouvimos um rumor interessante sobre um suposto meteorito caindo em Estocolmo. Juntamos nossa grana, compramos muitos doces e partimos nessa missão. Descobri que, para uma garota cheia de pose de corajosa, ela é muito medrosa. E tem as pernas curtas. Mas nada que eu não dê um jeito.

Tem sido divertido. É.
Me sinto menos sozinho.
Nessa imensa cidade cinza.