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mudanças... part II

Lá estava eu com um hóspede inocente em meu ventre, e "foragida". Não contatei mais o casal e nem me permiti ser contatada. Passei a usar meu primeiro nome, e tocava em uma gig aqui, outra ali, só pra não ficar totalmente sem grana.
A cada dia eu tinha uma ideia diferente do que fazer com a criança, eu estava perdida, sozinha e me virando como podia... Por minha própria escolha, afinal tinha certeza que Don não acreditaria em mim, e também não queria que ele me achasse uma oportunista de merda.

O tempo foi passando, minha barriga começou a aparecer, meus quadris cresciam já preparando meu corpo para o parto, e eu usava moletons largos pra esconder o quanto podia.
Durante a gestação tive diversas oscilações no meu humor, hora carente, hora pistola... chorei mais do que eu deveria (eu não sou de chorar) e estive mais confusa do que nunca.
Mas o que mais me irritava era o fato de eu pensar em Don, querer ele ali comigo, cuidando de mim... Eu só tinha a pose de marrenta, mas a realidade é que eu estava nas mãos dele.

Eu não estava contando os meses, sequer ia ao hospital para saber da saúde do bebê ou da minha, ignorei as diversas vezes que o feto se mexia, pois não queria me apegar a ele.

Estava em casa sentindo como se fossem cólicas que ficavam cada vez mais fortes, mas pra mim estava tudo "normal" pois não era a primeira vez que aquilo acontecia. Só achei estranho ao notar um líquido escorrendo em minhas pernas, passei a mão e imaginei que fosse a tal da bolsa estourando que ouvia dizer.
Confesso que fiquei um pouco nervosa, mas consegui me sentar e ligar para uma ambulância.

— Alô?? Eu, ehr... acho que estou em trabalho de parto...

Respondi ofegante a voz que me perguntava qual era a minha emergência.