Background & Miscellaneous

A última coisa de que me lembro era estar em um palco, guitarra nas mãos, cantando com meus poucos amigos que ainda estavam por perto. Tocávamos juntos, sentindo algo que fazia tempo que eu não sentia, vida. A banda se chamava Punkass. Eu era o vocalista e guitarrista.

Eu tinha 18 anos quando morri. Foi súbito. Fazia quase dois anos que me sentia vazio, como se minha alma tivesse saído para nunca mais voltar. No final de um show qualquer, numa noite abafada no Rio de Janeiro, meu coração simplesmente parou.

Quando acordei, estava nu no cemitério de Jacarepaguá. A luz do sol me atingia direto, quente, mas um frio estranho percorria meu corpo. Tentei me levantar, mas a dor nas costas era aguda. Meus joelhos falharam, pesados como os de alguém que já viveu demais. Próximo a mim, havia um espelho velho. Caminhei até ele e, quando vi meu reflexo, levei um susto. Meu rosto, antes jovem e marcado pela maquiagem forte que eu costumava usar, agora estava enrugado. Eu era um idoso.